quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Educar - "Educar com Amor"

Nunca antes de ter filhos pensei em ler teorias sobre a educação, livros sobre parentalidade ou todo um mundo que existe sobre as crianças e o seu desenvolvimento.
Depois do nascimento da Matilde passei a ler tudo aquilo a que deitava mãos, os mais lidos, os maiores, os mais pequenos, os menos conhecidos... sei lá tinha livros desde o dia 0 até à entrada para a escola primária e tencionava continuar a comprar para acompanhar cada fase.


Depois nasceram as gémeas e compramos aquilo que existia sobre gémeos em Português (e que foi de verdade de grande utilidade). E daí para a frente passei a ser muito mais rigorosa com o que lia, porque com a prática descobri que educar nos livros e num mundo hipotético é de facto muito fácil e simples, mas no mundo das mães, dos pais e dos irmãos as coisas não conseguiam ser sempre directas como nos livros!!!
E é por isso que existem alguns autores de quem gosto e dos quais procuro retirar ensinamentos práticos, por vezes e na maioria das vezes, mais  para mim directamente do que para as miúdas.

E ao ler a entrevista que este pediatra deu recentemente aqui: http://observador.pt/2014/09/10/mario-cordeiro-nao-devemos-ser-escravos-dos-nossos-filhos/ não podia deixar de reter por aqui algumas frases que mais uma vez me dão "alento", nesta tarefa, em que nós pais, constantemente duvidamos dos resultados futuros.


E de facto o pediatra Mário Cordeiro é um desses nomes. Lembro-me de termos comprado o livro dele sobre o sono, durante os dois anos que tivemos sem dormir uma noite e foi sem dúvida uma grande ajuda, na altura aliviou nos até na certeza de que as práticas que tínhamos não estavam incorrectas, mas que até dormir pode ser muitas vezes para uma criança uma aprendizagem (esta foi uma aprendizagem que as gémeas demoraram 2 anos a interiorizar!).


Aqui ficam então alguns excertos:
"Qual é o peso do afeto quando se educa uma criança?
O amor tem de estar sempre presente. Para que as relações entre pais e filhos sejam saudáveis estas devem ser marcadas pelo amor oblativo, o amor que não se cobra e que existe apenas porque sim. No limite é dizer-se “eu não preciso de ti para nada, mas gosto de estar contigo”. O amor dos pais pelos filhos não tem razão de ser, a não ser o próprio amor. 
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A palavra “querido” é recorrente no livro e no discurso…
Vem do verbo querer. “Querido” expressa “eu quero-te”. O querer é uma coisa pessoal, é o cumulo da vontade. Quando uma pessoa diz “eu quero-te” é um ato voluntário, possessivo no bom sentido. Daí a criança sentir-se desejada e querida. O maior medo das crianças, nas várias idades (mas sobretudo nas mais pequenas), é o abandono.
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 Escreve que os pais não dizem “amo o meu filho”, mas sim “adoro o meu filho”. Qual é a diferença?
Gosta-se das coisas, adoram-se os deuses e amam-se as pessoas. Aprecia-se comida, não se ama o que se come. A adoração é unilateral, da qual não se pede responsabilidade. Já amar é diferente, é bidirecional e envolve sentimentos recíprocos — quanto mais se dá, mais se tem.
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Eu entusiasmo progressivamente os pais que são meus pacientes a ganhar algum tempo para si próprios —- exceto no período de contemplação [em que a criança acabou de nascer]. Para que servem as madrinhas e os padrinhos? Precisamente para carregarem um pouco do fardo quando é preciso. Acho igualmente importante que as crianças sejam cada vez mais autónomas e que possam passar algum tempo sem os pais.
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Não devemos ser escravos dos nossos filhos. Eles não nos podem sugar a vida, têm de se habituar a ser autónomos e, de igual modo, saber precisar de nós.
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- Que valores devem ser transmitidos às crianças?
Respeito, amor, responsabilidade, empatia, partilha e solidariedade. Mas os valores são coisas abstratas para uma criança, pelo que é preciso dar exemplos práticos. Até aos cinco, seis, anos a criança está numa fase em que predomina o concreto.
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Dar uma semanada também é importante; sugiro dois euros por semana. Implica ser-se responsável: “Trabalhaste uma semana, tens aqui uma semanada. O esforço foi recompensado e o teu poder aquisitivo está na razão direta do teu trabalho”.
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O pai deve observar tudo e fazer-se sócio da associação de pais para poder intervir e tentar mudar o que se pode mudar, compreender e ajudar onde pode.
..."

Eu sei é muito texto... mas tem tanto do que gosto, tanto do que penso, tanto do que queria sempre ser capaz...
Enfim... ser mãe é também uma aprendizagem e é bom que nunca acabe!


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