Ontem chegada a casa a rapariga vinha delirante, já sabia identificar no mapa onde ficava a Irlanda, Portugal e África.
Feliz da vida dizia-me:
- Mãe, e assim já me podes dizer do Caldo Verde!?
Juro que fiquei uns bons minutos baralhada e fazer perguntas e mais perguntas no sentido de perceber o que é que ela queria dizer.
Ela super frustrada aumentava o tom e dizia:
- Lembras-te tu ontem falaste do Caldo Verde? Onde fica mãe!?
E então foi aí que percebi que ela estava a falar de Cabo Verde!!!
Tínhamos de facto estado no dia anterior a falar de Cabo Verde e não da sopa tradicional portuguesa!
sexta-feira, 30 de janeiro de 2015
quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
actualidade
Tenho lido muitos comentários sobre a situação na Grécia e fico triste sempre que se fala de uma forma banal e depreciativa do povo grego, como um conjunto de mandriões e corruptos e fico ainda mais triste quando o oiço pela voz de portugueses.
Nesta minha luta (porque de facto está a ser uma luta) de procurar trabalho, fui a uma entrevista a uma agência de recrutamento irlandesa, uma pequena empresa local.
A entrevista foi serena e correu bem (sem resultados ainda, mas bem!) e a dada altura a entrevistadora afirma, ela não perguntou, afirmou "pois aquilo em Portugal está muito mal. Deve ser difícil!"... ora juro que fui completamente apanhada de surpresa com a afirmação e a minha cara deve ter transmitido de facto o estado de perplexidade em que me encontrava e simplesmente balbuciei algo afirmativo e mais nada.
Quando dali saí e ainda que tenha simpatizado com a pessoa que conduziu a entrevista, chamei-lhe mentalmente todos os palavrões possíveis para designar a comum "filha da mãe"!!! Afinal, quem se julgava ela para falar do meu país!? E do que por lá vai bem ou mal!?
Pois é, é que quando se fala mal do nosso país, ou alguém o julga seja por que motivo for, passa a estar a falar dos nossos pais, dos nossos familiares, dos nossos amigos... e esses vivem a vida do dia-a-dia, não andaram a desviar milhões, a decorar apartamentos em França e nem sabem o nome dos paraísos fiscais.
E é por isto que eu fico triste quando oiço portugueses num modo geral a falar de forma depreciativa do "povo" grego!
É porque gregos já fomos todos...
Nesta minha luta (porque de facto está a ser uma luta) de procurar trabalho, fui a uma entrevista a uma agência de recrutamento irlandesa, uma pequena empresa local.
A entrevista foi serena e correu bem (sem resultados ainda, mas bem!) e a dada altura a entrevistadora afirma, ela não perguntou, afirmou "pois aquilo em Portugal está muito mal. Deve ser difícil!"... ora juro que fui completamente apanhada de surpresa com a afirmação e a minha cara deve ter transmitido de facto o estado de perplexidade em que me encontrava e simplesmente balbuciei algo afirmativo e mais nada.
Quando dali saí e ainda que tenha simpatizado com a pessoa que conduziu a entrevista, chamei-lhe mentalmente todos os palavrões possíveis para designar a comum "filha da mãe"!!! Afinal, quem se julgava ela para falar do meu país!? E do que por lá vai bem ou mal!?
Pois é, é que quando se fala mal do nosso país, ou alguém o julga seja por que motivo for, passa a estar a falar dos nossos pais, dos nossos familiares, dos nossos amigos... e esses vivem a vida do dia-a-dia, não andaram a desviar milhões, a decorar apartamentos em França e nem sabem o nome dos paraísos fiscais.
E é por isto que eu fico triste quando oiço portugueses num modo geral a falar de forma depreciativa do "povo" grego!
É porque gregos já fomos todos...
terça-feira, 27 de janeiro de 2015
Johnnie Fox's
Como noite de despedida da Rita por terras irlandesas, tínhamos de ir conhecer algo novo, como tal fomos até ao pub mais alto da ilha, o Johnnie Fox's - http://www.jfp.ie -.
Depois de esquecer quanto iria custar a experiência, essa parte é sempre a que custa mais em qualquer decisão relacionada com sair à noite nesta terra, chegadas ao sitio só tenho coisas positivas a dizer sobre o local.
O pub é super pitoresco.
Mas quando digo pitoresco não achem que é uma coisa pequenina e mimosinha!!!
É pitoresco no real sentido da palavra.
Várias salas para beber uma pint, ou até um chá perto de uma lareira, com música ao vivo para melhor apreciar esta cultura.
Nós fomos experimentar o serão tradicional, composto por comida bem saborosa, música irlandesa ao vivo e irish dance.
Numa sala aberta, com mesas corridas e uma decoração que nos lembra de facto os tempos antigos. O tecto todo ele corrido de barras de madeira, tem inúmeros penicos de loiça pendurados. Pela sala podemos ver as loiças típicas da época, exactamente iguais às nossas, as bacias antigas, os jarros, os candelabros, os pratos e até têm cães de loiça! Na lareira a roupa está pendurada!!! Enfim toda a conjugação da casa da minha avó, faltando aqui no pub, o sofá de pele vermelho e a mesa e as cadeiras de fórmica da cozinha!
A comida é de facto bastante saborosa. De entradas provamos os mexilhões, uma especialidade da casa, o que só e sem mais nada já justificam uma visita ao pub.
De prato principal eu comi borrego assado e estava muito bem cozinhado, mas ainda assim a nível de temperos prefiro o nosso.
A sobremesa é que senti-me tentada pela especialidade da casa do bolo de chocolate com whisky e esqueci me que nestas terras se era uma especialidade teria certamente fruta por dentro, o que de facto tinha. Existia no bolo umas mini passas muito, muito moles que me fizeram desejar uma mousse de chocolate caseira.
O grupo tocava música irlandesa, num conjunto de 2 violas, 1 arcodeão e 1 violino, com os guitarristas a cantarem naquela voz típica de pub. Cada um deles tinha um copo ao lado e iam tocando e bebendo, as raparigas bebiam guiness e os homens whisky... lá está "àgua é para meninos".
Quando entraram os bailarinos para o espectáculo de irish dance, tenho a dizer que fiquei maravilhada, a técnica, a energia o movimento. Nunca antes tinha assistido ao vivo a um espectáculo de irish dance e fiquei de facto muito bem impressionada.
Enfim...
Um pub 5 estrelas.
Que vale a pena visitar e fundamental no conhecimento da "cultura" irish!
Depois de esquecer quanto iria custar a experiência, essa parte é sempre a que custa mais em qualquer decisão relacionada com sair à noite nesta terra, chegadas ao sitio só tenho coisas positivas a dizer sobre o local.
O pub é super pitoresco.
Mas quando digo pitoresco não achem que é uma coisa pequenina e mimosinha!!!
É pitoresco no real sentido da palavra.
Várias salas para beber uma pint, ou até um chá perto de uma lareira, com música ao vivo para melhor apreciar esta cultura.
Nós fomos experimentar o serão tradicional, composto por comida bem saborosa, música irlandesa ao vivo e irish dance.
Numa sala aberta, com mesas corridas e uma decoração que nos lembra de facto os tempos antigos. O tecto todo ele corrido de barras de madeira, tem inúmeros penicos de loiça pendurados. Pela sala podemos ver as loiças típicas da época, exactamente iguais às nossas, as bacias antigas, os jarros, os candelabros, os pratos e até têm cães de loiça! Na lareira a roupa está pendurada!!! Enfim toda a conjugação da casa da minha avó, faltando aqui no pub, o sofá de pele vermelho e a mesa e as cadeiras de fórmica da cozinha!
A comida é de facto bastante saborosa. De entradas provamos os mexilhões, uma especialidade da casa, o que só e sem mais nada já justificam uma visita ao pub.
De prato principal eu comi borrego assado e estava muito bem cozinhado, mas ainda assim a nível de temperos prefiro o nosso.
A sobremesa é que senti-me tentada pela especialidade da casa do bolo de chocolate com whisky e esqueci me que nestas terras se era uma especialidade teria certamente fruta por dentro, o que de facto tinha. Existia no bolo umas mini passas muito, muito moles que me fizeram desejar uma mousse de chocolate caseira.
O grupo tocava música irlandesa, num conjunto de 2 violas, 1 arcodeão e 1 violino, com os guitarristas a cantarem naquela voz típica de pub. Cada um deles tinha um copo ao lado e iam tocando e bebendo, as raparigas bebiam guiness e os homens whisky... lá está "àgua é para meninos".
Quando entraram os bailarinos para o espectáculo de irish dance, tenho a dizer que fiquei maravilhada, a técnica, a energia o movimento. Nunca antes tinha assistido ao vivo a um espectáculo de irish dance e fiquei de facto muito bem impressionada.
Enfim...
Um pub 5 estrelas.
Que vale a pena visitar e fundamental no conhecimento da "cultura" irish!
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
partidas
Quando cheguei à Irlanda conheci a Rita.
O como nos conhecemos fica entregue à teoria da mãe da Rita, que falava sobre tal facto sempre de forma misteriosa, anunciando, "nada acontece por acaso", como que a garantir que o que nos juntou tinha uma justificação!
Mas a verdade é que vim para a Irlanda conhecer uma família do Barreiro.
Uma família com a qual já me havia cruzado, mas que não conhecia.
Os pais da Rita e os meus também já se conheciam, mas sem se conhecerem e muito menos tendo conhecimento que um dia aquilo que os ia ligar era terem as filhas a morar a um oceano de distância deles e a 30 km uma da outra.
E desde o dia em que a Rita me convidou para a sua casa, até ontem de manhã, aquela casa em Lucan era um bocadinho minha, tal como esta onde estou era um pouco deles.
Quando cá cheguei foi um conforto muito grande ter uma casa com gente que sabia partilhar. Que deixava os miúdos brincarem e correrem, onde se abria a mesa para todos comermos. Onde era garantido que havia sempre paródia e alegria.
Vivemos algumas aventuras, em 17 meses podemos dizer que vivemos muitas.
Conhecemos muitos sítios, partilhamos muitos pensamentos, desabafos, sonhos!
Somos pessoas muito diferentes e acredito até que aquilo que nos aproxima é menor que aquilo que nos diferencia. Mas é só menor em número, porque o que nos uniu sempre foi o gosto pela amizade, a importância da família e o termos a certeza que acompanhadas somos sempre melhores pessoas que sozinhas!
Falávamos muito, riamos muito e tínhamos ideias diferentes em muita coisa, mas nunca nos zangávamos, porque de facto acho que a Rita não se zanga com ninguém!
Esta minha família na Irlanda partiu ontem, atravessou o resto do Oceano e foi morar para o lado de lá, para um Mundo Novo.
Se com toda a certeza a experiência da mudança para cá os ajudou, também certamente os cansou muito. Começar tudo outra vez. Arriscar mais uma vez. Certamente carregados de esperança, mas com muitos mas...
Eu ainda estou na fase em que os continuo a sentir aqui perto de mim.
Na fase em que uma destas tardes os vou voltar a ter aqui em casa.
Na fase em que ainda temos tanta ilha para conhecer.
O como nos conhecemos fica entregue à teoria da mãe da Rita, que falava sobre tal facto sempre de forma misteriosa, anunciando, "nada acontece por acaso", como que a garantir que o que nos juntou tinha uma justificação!
Mas a verdade é que vim para a Irlanda conhecer uma família do Barreiro.
Uma família com a qual já me havia cruzado, mas que não conhecia.
Os pais da Rita e os meus também já se conheciam, mas sem se conhecerem e muito menos tendo conhecimento que um dia aquilo que os ia ligar era terem as filhas a morar a um oceano de distância deles e a 30 km uma da outra.
E desde o dia em que a Rita me convidou para a sua casa, até ontem de manhã, aquela casa em Lucan era um bocadinho minha, tal como esta onde estou era um pouco deles.
Quando cá cheguei foi um conforto muito grande ter uma casa com gente que sabia partilhar. Que deixava os miúdos brincarem e correrem, onde se abria a mesa para todos comermos. Onde era garantido que havia sempre paródia e alegria.
Vivemos algumas aventuras, em 17 meses podemos dizer que vivemos muitas.
Conhecemos muitos sítios, partilhamos muitos pensamentos, desabafos, sonhos!
Somos pessoas muito diferentes e acredito até que aquilo que nos aproxima é menor que aquilo que nos diferencia. Mas é só menor em número, porque o que nos uniu sempre foi o gosto pela amizade, a importância da família e o termos a certeza que acompanhadas somos sempre melhores pessoas que sozinhas!
Falávamos muito, riamos muito e tínhamos ideias diferentes em muita coisa, mas nunca nos zangávamos, porque de facto acho que a Rita não se zanga com ninguém!
Esta minha família na Irlanda partiu ontem, atravessou o resto do Oceano e foi morar para o lado de lá, para um Mundo Novo.
Se com toda a certeza a experiência da mudança para cá os ajudou, também certamente os cansou muito. Começar tudo outra vez. Arriscar mais uma vez. Certamente carregados de esperança, mas com muitos mas...
Eu ainda estou na fase em que os continuo a sentir aqui perto de mim.
Na fase em que uma destas tardes os vou voltar a ter aqui em casa.
Na fase em que ainda temos tanta ilha para conhecer.
sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
Conversas
Ontem ao caminharmos da escola para casa, as gémeas traziam uma amiga e estavam a contar histórias. Uma das histórias era sobre o facto do Guilherme quando cá esteve ter visto repetidas vezes o mesmo filme (para elas nesta altura da vida isso já é muito esquisito!!!).
E a Madalena explicava à Eve:
- My godmother and my godfather....
e de repente parou, soprou e disse:
- ok, for you he is just my cousin!!!!
E eu olhei para ela, sorri e pisquei-lhe o olho.
Quem me conhece sabe que nunca deixei que ninguém fosse tia, ou prima, ou avó emprestada das minhas filhas. Sempre achei que todos temos um nome e um papel, não precisamos de usar terminologias determinadas para mostrar afectos... mas agora que mudámos para aqui de facto, muitas vezes é difícil explicar quem é tanta gente na nossa vida!!!
Às vezes dava realmente jeito aumentar o número de tias, primas, avós e afins...
E a Madalena explicava à Eve:
- My godmother and my godfather....
e de repente parou, soprou e disse:
- ok, for you he is just my cousin!!!!
E eu olhei para ela, sorri e pisquei-lhe o olho.
Quem me conhece sabe que nunca deixei que ninguém fosse tia, ou prima, ou avó emprestada das minhas filhas. Sempre achei que todos temos um nome e um papel, não precisamos de usar terminologias determinadas para mostrar afectos... mas agora que mudámos para aqui de facto, muitas vezes é difícil explicar quem é tanta gente na nossa vida!!!
Às vezes dava realmente jeito aumentar o número de tias, primas, avós e afins...
quinta-feira, 22 de janeiro de 2015
post explicativo
Ter emigrado à mais de um ano e investir na língua do novo país, faz com que cada vez perca mais a noção da minha língua e daquelas regras bem boas da língua portuguesa!
Sempre adorei escrever, talvez até porque adoro falar, mas nunca fui excelente... os erros por vezes andavam comigo... mas agora já não é uma questão de alguns erros, é mesmo desaprendizagem!
Não sou a única aqui em casa com este problema... mas talvez seja aquela a quem isto doí mais...
Por isso "please forgive me"...
terça-feira, 20 de janeiro de 2015
42 anos
Sábado juntamos alguns dos amigos portugueses que por aqui temos e apagámos as velas dos 42 anos do Jorge.
Foi uma festa simples, sempre à volta de uma boa conversa.
Foi uma festa simples, sempre à volta de uma boa conversa.
segunda-feira, 19 de janeiro de 2015
Cultural Night
Sexta feira foi a noite cultural da escola.
Mais uma noite divertida e bem passada.
Este ano a Matilde começou a tocar guitarra e está a adorar.
Mais uma noite divertida e bem passada.
Este ano a Matilde começou a tocar guitarra e está a adorar.
Na última foto, temos duas das companheiras da Matilde. Como elas se divertem juntas.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2015
quarta-feira, 14 de janeiro de 2015
Neste momento
posso afirmar que a minha casa é um género de arca frigorifica.
A neve dos telhados está a derreter e lá fora tudo pinga.
O vento está a começar a soprar e com ele a chuva está a querer cair.
O estado de tudo é feio... meio gelo, meia água, meia lama...
Fica tudo assim num estado de abandono.
Se chover mesmo, certamente vai ficar tudo limpinho!
Cada vez que saímos à rua a sensação é que deixamos de ter pés, automaticamente ao andarmos com eles congelam. Fica a parecer que transportamos dois blocos de gelo.
A neve dos telhados está a derreter e lá fora tudo pinga.
O vento está a começar a soprar e com ele a chuva está a querer cair.
O estado de tudo é feio... meio gelo, meia água, meia lama...
Fica tudo assim num estado de abandono.
Se chover mesmo, certamente vai ficar tudo limpinho!
Cada vez que saímos à rua a sensação é que deixamos de ter pés, automaticamente ao andarmos com eles congelam. Fica a parecer que transportamos dois blocos de gelo.
Cai neve em...
Esta foto reportagem foi brutalmente interrompida, pois a fotografa (ou seja, eu) foi atacada... acabou cheia de neve e a máquina foi obrigada a ir para perto do secador!!!
sexta-feira, 9 de janeiro de 2015
todos juntos
No dia do casamento da minha irmã, tinha perfeita consciência que o mais provável era que fosse aquele dia o último em que iríamos estar todos juntos.
Já sabia que me vinha embora.
Sabia que a vida das pessoas ia continuar e que as minhas visitas anuais não iriam coincidir com as perdas ou com as alegrias.
As alegrias podemos provocar... o resto é impossível de antever.
Hoje sei-os todos juntos.
Hoje consigo visualizar cada um deles, os lugares onde estão sentados. Consigo ver as lágrimas a cair pelo rosto da minha tia, as mãos do meu tio, sem posição, os meus primos de volta deles a tentar consolar e a procurar eles também um pouco de consolo. Consigo ver as minhas outras primas, a minha irmã, a minha mãe. O meu pai e o irmão, um de lágrima nos olhos e boina e o outro com o seu blusão e de mãos nos bolsos. Consigo ver a minha madrinha a racionalizar tudo. Consigo, consigo... porque sempre lá estive com eles, junto deles.
Quando fecho os olhos é lá que estou...
E por isso... hoje é dia de trabalhar muito aqui em casa e de rezar a trabalhar...
Hoje sinto de verdade que abalei...
Já sabia que me vinha embora.
Sabia que a vida das pessoas ia continuar e que as minhas visitas anuais não iriam coincidir com as perdas ou com as alegrias.
As alegrias podemos provocar... o resto é impossível de antever.
Hoje sei-os todos juntos.
Hoje consigo visualizar cada um deles, os lugares onde estão sentados. Consigo ver as lágrimas a cair pelo rosto da minha tia, as mãos do meu tio, sem posição, os meus primos de volta deles a tentar consolar e a procurar eles também um pouco de consolo. Consigo ver as minhas outras primas, a minha irmã, a minha mãe. O meu pai e o irmão, um de lágrima nos olhos e boina e o outro com o seu blusão e de mãos nos bolsos. Consigo ver a minha madrinha a racionalizar tudo. Consigo, consigo... porque sempre lá estive com eles, junto deles.
Quando fecho os olhos é lá que estou...
E por isso... hoje é dia de trabalhar muito aqui em casa e de rezar a trabalhar...
Hoje sinto de verdade que abalei...
quarta-feira, 7 de janeiro de 2015
Luto
É das decisões mais difíceis e que tomamos de forma consciente quando emigramos.
Saber que vamos estar longe nas perdas.
Saber que não vamos lá estar para consolar os nossos.
Ontem ao falar com a minha sogra queria de facto puder estar perto dela, abraça-la, consolar no pouco que me seria possível, mas perto, até porque sempre vivemos perto.
Hoje a minha "avó", que nunca foi minha, mas que nunca lhe soube chamar outra coisa senão avó.
E que não consigo sequer referir me a ela de outra forma, ainda que na verdade ela seja não minha avó, mas avó dos meus primos.
Mas na infância, não percebemos essas diferenças e ainda as percebemos menos quando ninguém as faz notar. E nunca ninguém me corrigiu, nunca ela ou o marido, não responderam quando chamados por qualquer uma de nós (eu, a minha irmã e as nossas outras duas primas). Sempre avó. Avó no Natal, avó em cada aniversário, avó nas festas.
Hoje perco uma avó.
E para além de me doer esta perda, doí me ainda mais a ausência. Não puder abraçar a minha tia, o meu tio, os meus primos.
Não lhes puder tocar no rosto, limpar as lágrimas, bater nas costas, abraça-los.
Saber que vamos estar longe nas perdas.
Saber que não vamos lá estar para consolar os nossos.
Ontem ao falar com a minha sogra queria de facto puder estar perto dela, abraça-la, consolar no pouco que me seria possível, mas perto, até porque sempre vivemos perto.
Hoje a minha "avó", que nunca foi minha, mas que nunca lhe soube chamar outra coisa senão avó.
E que não consigo sequer referir me a ela de outra forma, ainda que na verdade ela seja não minha avó, mas avó dos meus primos.
Mas na infância, não percebemos essas diferenças e ainda as percebemos menos quando ninguém as faz notar. E nunca ninguém me corrigiu, nunca ela ou o marido, não responderam quando chamados por qualquer uma de nós (eu, a minha irmã e as nossas outras duas primas). Sempre avó. Avó no Natal, avó em cada aniversário, avó nas festas.
Hoje perco uma avó.
E para além de me doer esta perda, doí me ainda mais a ausência. Não puder abraçar a minha tia, o meu tio, os meus primos.
Não lhes puder tocar no rosto, limpar as lágrimas, bater nas costas, abraça-los.
Nesta foto estão as duas a minha avó e avó Libânia que parte hoje com 95 anos
Tragédias
No dia 31 de Dezembro tínhamos decidido eu e o Jorge, levar a Matilde a ver o último filme do Hobbit, uma vez que ela leu recentemente o livro.
Na hora de sair um pequeno incidente doméstico, que envolve o cabo da Nintendo e as nossas filhas, provocou uma pequena ferida na Mariana, na zona lateral da cara, por baixo do sobrolho direito. Ainda fomos aqui ao médico, podia ser algo simples, mas tínhamos ideia que existia necessidade de coser. E de facto, tivemos que ir para o Hospital com a Mariana a fim desta ser cosida, ou no caso "colada"!
Estivemos 3 horas ao todo no Hospital.
Neste tempo na sala de espera vimos várias imagens de retrospectiva do ano 2014.
Ainda que por vezes aparecessem notícias positivas, foi de facto um ano de tragédia.
Os aviões, os barcos, as catástrofes naturais, o número de países com condições económicas cada vez mais difíceis, as guerrilhas, as possíveis grandes guerras, as lutas de poder e os muitos ataques, homicídios e abusos de toda a ordem de natureza humana.
E depois mudamos de ano.
Fazemos a contagem decrescente.
Comemos as passas, no nosso caso pinhões e as crianças pintarolas, renovando todos os desejos que ao mudar o ano, mudem de facto as pessoas.
E hoje ligamos as notícias e existe mais um ataque.
Um ataque a um jornal em Paris.
Mais um ataque terrorista, para causar terror, medo, pânico.
Mais um acontecimento a contar já para a publicação da review do ano de 2015.
Na hora de sair um pequeno incidente doméstico, que envolve o cabo da Nintendo e as nossas filhas, provocou uma pequena ferida na Mariana, na zona lateral da cara, por baixo do sobrolho direito. Ainda fomos aqui ao médico, podia ser algo simples, mas tínhamos ideia que existia necessidade de coser. E de facto, tivemos que ir para o Hospital com a Mariana a fim desta ser cosida, ou no caso "colada"!
Estivemos 3 horas ao todo no Hospital.
Neste tempo na sala de espera vimos várias imagens de retrospectiva do ano 2014.
Ainda que por vezes aparecessem notícias positivas, foi de facto um ano de tragédia.
Os aviões, os barcos, as catástrofes naturais, o número de países com condições económicas cada vez mais difíceis, as guerrilhas, as possíveis grandes guerras, as lutas de poder e os muitos ataques, homicídios e abusos de toda a ordem de natureza humana.
E depois mudamos de ano.
Fazemos a contagem decrescente.
Comemos as passas, no nosso caso pinhões e as crianças pintarolas, renovando todos os desejos que ao mudar o ano, mudem de facto as pessoas.
E hoje ligamos as notícias e existe mais um ataque.
Um ataque a um jornal em Paris.
Mais um ataque terrorista, para causar terror, medo, pânico.
Mais um acontecimento a contar já para a publicação da review do ano de 2015.
terça-feira, 6 de janeiro de 2015
Dia de Reis
Uma das tradições de que eu gostava muito era por altura do Dia de Reis, juntar na minha casa os padrinhos das minhas filhas.
Isto começou porque nos muitos afazeres que antecedem o Natal, nem sempre nos conseguíamos juntar para um jantar ou lanche e houve um ano em que se adiou para os Reis... e de uma vez passou a ser usual. Ou seja, por altura dos Reis tínhamos sempre um jantar lá em casa com todos.
E ainda que tenha começado por uma casualidade eu achava imensa piada, pois para mim os Reis são de facto os "padrinhos" de Jesus, no sentido em que o foram presentear e por Ele dar Graças...
Sinto hoje a falta dessa reunião (mais ainda que em todos os outros momentos em que lhes sinto a falta).
Mesa aberta, corrida na cozinha em todo o seu cumprimento. Toalha de Natal na mesa. Muitas coisas boas para provarmos e a paródia garantida, dos disparates, das palavras que só a nós nos fazem sentido, das conversas trocadas e cruzadas, do gozo. Das miúdas a andarem de colo em colo... de tudo, de tudo.
Tenho esta graça de só ter boas memórias naquela mesa.
Tenho a graça maior de muitas vezes ter sido com estas pessoas que a enchi.
Isto começou porque nos muitos afazeres que antecedem o Natal, nem sempre nos conseguíamos juntar para um jantar ou lanche e houve um ano em que se adiou para os Reis... e de uma vez passou a ser usual. Ou seja, por altura dos Reis tínhamos sempre um jantar lá em casa com todos.
E ainda que tenha começado por uma casualidade eu achava imensa piada, pois para mim os Reis são de facto os "padrinhos" de Jesus, no sentido em que o foram presentear e por Ele dar Graças...
Sinto hoje a falta dessa reunião (mais ainda que em todos os outros momentos em que lhes sinto a falta).
Mesa aberta, corrida na cozinha em todo o seu cumprimento. Toalha de Natal na mesa. Muitas coisas boas para provarmos e a paródia garantida, dos disparates, das palavras que só a nós nos fazem sentido, das conversas trocadas e cruzadas, do gozo. Das miúdas a andarem de colo em colo... de tudo, de tudo.
Tenho esta graça de só ter boas memórias naquela mesa.
Tenho a graça maior de muitas vezes ter sido com estas pessoas que a enchi.
O porquê do blogue estar tanto tempo parado
Os motivos resumem sempre o mesmo.
Isto aqui só serve para me entreter e por isso, quando a minha malta está toda em casa de férias e posteriormente me deixa a casa de pernas para o ar... eu fico com muito, muito para fazer...
E esse trabalho ainda não acabou.
Isto aqui só serve para me entreter e por isso, quando a minha malta está toda em casa de férias e posteriormente me deixa a casa de pernas para o ar... eu fico com muito, muito para fazer...
E esse trabalho ainda não acabou.
segunda-feira, 5 de janeiro de 2015
Hoje voltamos
Hoje é dia de retomar rotinas.
As miúdas recomeçam na escola, o pai regressou ao trabalho.
E eu tenho uma casa de pantanas!!!
Descubro hoje, que o maior pesadelo de uma dona de casa, é ter a família de férias.
É de facto uma altura de recomeços.
Ainda que esperemos que alguns comecem pela primeira vez!
As miúdas recomeçam na escola, o pai regressou ao trabalho.
E eu tenho uma casa de pantanas!!!
Descubro hoje, que o maior pesadelo de uma dona de casa, é ter a família de férias.
É de facto uma altura de recomeços.
Ainda que esperemos que alguns comecem pela primeira vez!
Subscrever:
Mensagens (Atom)