quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Novembro parece infinito.
O frio chegou de vez.
Cada dia nos custa mais as esperas... e são muitas, entre a biblioteca, o Centro Comercial, as paragens dos autocarros, a escola da Matilde e a escola das mais novas.

Tudo isto porque continuamos à espera que nos liguem a marcar a dita "escritura".
A casa está pronta, mas faltam os papéis!
Já descobri mais alguns proprietários das casas vizinhas que estão na mesma situação que nós. E todos referem a mesma frase: "demasiado tempo", "é necessária mais paciência".
Todos fomos informados com as mesmas datas, o que nos leva a crer que sejam verdadeiras.
Mas existe sempre o mas...

O sistema imobiliário deste país é digno de um filme de terror.
Alugar casa é mais difícil que arranjar trabalho e como tal é possível que as pessoas cheguem a esta ilha e fiquem meses em Hotéis ou B&B, mesmo quando vêm com contratos de trabalho assinados.

No Verão quando começamos à procura de casa deste lado da cidade, fomos ver uma, mesmo pertinho da escola das miúdas, era uma casa de 2 quartos, cozinha juntamente com a sala e uma casa de banho. Éramos mais de 50 pessoas a ver a casa. O agente recebia o nome e todas as referências que, quem quer lugar casa neste país, tem de apresentar. Estamos a falar de contratos de trabalho, extractos bancários, recibos de ordenado e mesmo que se leve uma bula papal ou uma carta do Presidente da República, ainda assim pode não ser "escolhido" para ter o direito de pagar uma renda exorbitante!

Foi por sabermos de toda esta loucura (que com o final da crise se agravou ainda mais) que decidimos que permanecer na Irlanda passava obrigatoriamente por comprar casa.
Sabíamos que comprar casa também era um processo demorado e em que quem compra é sempre a parte mais fraca. Mas confesso que tinha esperança que o processo fosse mais ágil e menos burocrático!

Afinal comprar casa pode também ser um verdadeiro filme de terror.
No meio de tudo sei que tive sorte. Estamos numa casa onde nos tem sido possível renovar o acordo de aluguer mensalmente, o que torna possível neste momento não temer ficar sem tecto durante o Natal.

Mas quando para aqui vim, empacotei tudo aquilo de que não ia necessitar nos próximos 3 meses! Afinal já passaram 5... e nas caixas lembro-me que guardei comida, chocolates, detergentes até! Não faço a menor ideia em que estado exacto estará tudo e recuso-me a abri-las. Temos uma arrecadação debaixo das escadas da casa e as primeiras caixas que entraram para o fundo desse cubículo foram as decorações de Natal e a respectiva árvore, o resto está cheio de caixas até à porta da arrecadação.
Já disse que se aqui estiver no Natal prefiro comprar uma árvore nova do que tentar ir buscar a nossa!

Atenção não se trata de uma questão de preguiça, ou simples teimosia, não querer abrir as caixas. Nós estivemos 2 anos a viver numa casa sem mobília, ou seja, tudo o que estava na casa era nosso. Agora estamos a viver numa casa muito mais pequena e completamente mobilada. Não existe espaço para meter mais nada. Ao todo nesta casa temos neste momento 18 cadeiras e mais 4 bancos (isto para dar uma ideia).

Tudo isto tem o lado magnifico que é quando formos abrir as caixas tudo será uma surpresa. Um autentico Natal.

Devido ao facto de termos caixas de cartão espalhadas pela casa toda andamos constantemente a espirrar. Pois ainda que eu limpe, o pó acumulado no cartão alimenta de forma eficaz as nossas alergias!
Dado ter tanta coisa guardada, agora que chega a altura do Natal tem sido um desafio encontrar novos espaços para guardar as prendas das miúdas...

Enfim... quando esta aventura chegar ao fim teremos para sempre esta história para contar, sobre a maior adversidade que se apresenta a quem se desloca para a Irlanda, arranjar casa!

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