Já falei muito sobre este tema no facebook de vários amigos, o que foi bom, o que me permitiu analisar que o que me assusta neste discurso, é que se até à uns anos atrás eu percebia (e ainda assim mais ou menos) que existiam portugueses a viver acima das possibilidades, neste momento esse discurso já não me faz sentido.
E por isso já percebi o que me inquieta de facto na conversa de Isabel, é que já não percebo o que é isso de viver acima das possibilidades!
É comer bifes, é gozar de cuidados de saúde no sector privado, é fazer festas e encher a mesa de comida, é ter os filhos em infantários particulares, é ter comprado uma casa de valor elevado (e o que é um valor elevado)!!!?
Desculpem, esta minha confusão.
Mas nos tempos que vivemos, com as decisões politicas tomadas acho que é difícil alguém falar de outros...
Como é que alguém pode ter a certeza de não vir a ser um desses que é avaliado por ter vivido acima das possibilidades?
Se calhar sou só eu que não sei.
Se calhar só penso assim porque passei para a lista dos desempregados.
Se calhar sou só eu que tenho medo de afinal, mesmo trabalhando, mesmo poupando, mesmo vivendo abaixo das minhas possibilidades, as minhas 3 filhas não têm uma vida futura "garantida" melhor que a minha.
Desculpem mas eu quero ser culpada por continuar a ter esperança.
Por sim, por acreditar que existem pessoas capazes de fazer melhor em cada dia.
Por querer, que na lógica da Isabel, as minhas filhas possam comer bifes todos os dias (uso este termo porque cá em casa desde sempre se poupou água e não por uma questão de custos, mas porque todos temos consciência do bem valioso de que dispomos!).
No entanto continuo a acreditar na pessoa que um dia conheci.
No seu trabalho voluntário.
No facto de ser a dinâmica de um projecto no qual me orgulho de participar.
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