terça-feira, 20 de setembro de 2016

Ética

A histeria em Portugal está insuportável.
À semelhança do que aconteceu com os Contratos de Associação para o ensino privado, onde a dita classe média tinha os filhos todos a estudar em colégios (ainda que morassem na Margem Sul, por exemplo, onde nunca existiu um contrato desse tipo), agora todos os contribuintes assalariados médios têm bens imobiliários no valor de meio milhão de Euros.

A lei que existia que tributava bens no valor de um milhão era justa, esta passa a ser imensamente injusta porque a maioria dos cidadãos enquadra-se nela.

Ora, é claro que nada disto é verdade. E que os ânimos políticos em Portugal estão tão elevados, que as pessoas já nem pensam, disparam simplesmente. Quando a direita ataca a esquerda responde e o contrário!

A frase anunciada pela deputada do Bloco de Esquerda não foi em nada inocente. Acabou por se revelar infeliz para um quadrante, mas tenho sérias dúvidas que tenha sido infeliz para aqueles a quem o Bloco se dirige.
Mas tenha sido por infelicidade pura, ou propositada o problema é que os dois lados têm razão.

Ou seja tal como existem ricos corruptos, existem pobres acomodados.
Mas estas duas realidades brutalmente distintas, têm algo em comum a falta de ética!
Ambos os grupos não têm problemas em roubar ao Estado e desta feita a não contribuir para o bem comum.

Será ingénuo acreditarmos que os chamados ricos em Portugal são todos bonzinhos e cumpridores.
Eu por exemplo lembro-me da época dos subsídios para a criação de empresas em Portugal, da década de 90. E conheço vários casos de queijarias na minha zona, criadas mas nunca de verdade. Ou seja criava-se a empresa, concorria-se ao fundo, o dinheiro vinha, estabeleciam um esquema com fornecedores e distribuidores (tudo fictício) e ao fim de ano e meio abriam insolvência. No meio de tudo isto com o dinheiro que nunca foi gasto de verdade comprou-se carros e casas! O mesmo aconteceu na área da formação e em outras.
Estas pessoas não eram pobres. Não fazem parte do grupo que vai para a Segurança Social pedir os subsídios sociais. São aquilo que em bom português sempre se chamou de "chicos espertos"!

Como seria também ingénuo  acreditarmos que não existem cidadãos que vivem propositadamente à custa do dito Estado Social. Fui voluntária em acção social durante anos suficientes, para infelizmente conhecer imensos casos.

No entanto, quer num caso quer no outro também existe gente digna e honrada. Gente que trabalha arduamente e que não tira nada a ninguém e que consegue acumular riqueza.

Eu que sempre estive no meio, ou seja, nunca fui rica (e a esta altura da vida já sei que nunca vou ser), mas que também nunca vivi da esmola de ninguém, gostava de acreditar que é possível educarmos cada cidadão a querer contribuir para o bem comum.
Para isso seria muito importante, que esta dita classe média, agora indignada se deixasse de tretas, entre direita e esquerda (diferenças essas que cada vez se notam menos) e passasse a exigir de verdade contas ao Estado e a perceber onde é que se gasta o dinheiro de cada um de nós.

Acredito que este exercício seja mais fácil do que parece, afinal somos somente 6 milhões de população activa e menos que isso de população activa empregada!

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