quarta-feira, 27 de julho de 2016

"há coisas que mala nenhuma pode levar"

Muito se escreve sobre o sentimento de um emigrante.
Li imensas coisas este Verão e com muitas sorri, porque de facto passamos a viver de uma outra maneira.
Passamos a achar muito mais real a música do António Variações: "Esta insatisfação  / Não consigo compreender / Sempre esta sensação / Que estou a perder / Tenho pressa de sair / Quero sentir ao chegar / Vontade de partir / P’ra outro lugar / Vou continuar a procurar o meu mundo, /o meu lugar / Porque até aqui eu só / Estou bem /Aonde não estou..."

Mas a verdade é que quando se usa a expressão vamos de férias a casa, esta frase mostra logo o que está errado na acção. É impossível estarmos em casa e de férias. Ir de férias significa ir para fora, descobrir novos lugares, desfrutar de um tempo sem urgência e sem pressa. E não é nada disto que acontece.
Queremos desfrutar do Sol e do verdadeiro significado das férias.
Mas ao mesmo tempo queremos estar com todos quantos sentimos a falta durante todo este tempo.

E por isso tudo é pouco e intenso (talvez demasiado, até).
Muitos sentem que ficam de fora porque não os vemos, ou porque os vemos pouco.
Outros tantos não entendem ainda o porquê de nos termos vindo embora!
E por isso as constantes perguntas sobre o "quando regressamos" ou as tentativas de nos fazerem dizer que Portugal é melhor, tem melhor clima, tem melhores pessoas, tem melhor comida....
Enfim...

Ir de férias ao país onde sempre vivemos é de facto, sentir um turbilhão de emoções.
É cimentar a certeza de que o tempo concerta tudo e que a distância é de facto física.

Tenho a certeza que com os anos cada vez será mais fácil ir de férias a Portugal. Para já, é ainda difícil perceber o que fazer para que consigamos conciliar a ânsia da saudade, com o desejo de parar.

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