Apesar de chegar ao final do ano e parecer que tudo se resumiu à nossa vinda para a Irlanda, a verdade é que passei 8 meses em Portugal, 5 dos quais sem fazer ideia de que iria emigrar. Um sem ainda acreditar muito bem e o outro a preparar tudo para vir.
Lembro-me no final de 2012, num jantar de amigos, e dada a minha situação profissional, eu afirmar: "nunca ganhei tão pouco, mas nunca fui tão feliz no que faço" e de facto era uma verdade.
Foi um ano em que enfrentei um grande desafio profissional, em Janeiro soube que iria continuar até ao fim do ano lectivo, soube também que ia não só continuar a dar aulas a "caloiros" mas também a finalistas, o que aumentou ainda mais o desafio.
2013 era o ano em que as gémeas iriam entrar para o ensino público e dadas as minhas desilusões com a escola da Matilde, andava sempre a adiar a decisão, tendo adiado a mesma até surgir a ideia da Irlanda. No entanto também é verdade que devido a ter adiado imenso esta questão custou muito mais ás gémeas a sua adaptação, pois elas sentiam que tinham perdido demasiado ao mudarem de país/escola.
2013 foi o ano do casamento da minha irmã e à um ano atrás era exactamente isso que andávamos a fazer, a comprar vestidos de noiva, de mãe de noiva, de madrinha e meninas das alianças. Foi um privilégio acompanhar todo o carinho e dedicação que eles colocaram na sua festa.
2013 foi o ano em que a Matilde fez a sua promessa de Lobita no Agrupamento 371 da Baixa da Banheira. Foi um dia muito feliz para ela e de facto a integração da Matilde nos escuteiros só teve resultados positivos, aumentou imenso a sua auto estima e deu-lhe novos amigos, muitos por sinal filhos de amigos nossos e de repente tudo parecia sempre mais simples e fácil para ela.
Em 2013 ainda lidámos com problemas familiares de saúde, não nossos, nem das meninas, mas de familiares, questões que nos fazem de facto pensar, nas opções diárias de cada um e nas nossas prioridades.
Foi também em 2013 que melhor conheci quem me rodeia, devido à mudança que se antevia, perdi muitas e grandes ligações, desiludi-me muito, mas também percebi melhor quem são os que sempre farão de facto parte de mim. Constatei que a família de facto é importante, mas que para ser família de verdade. todos têm que trabalhar nesse sentido.
E foi em Maio que a ideia ganhou forma, o convite chegou, a viagem fez-se e desde aí até Agosto tudo foi super rápido.
E desde aí até agora tudo tem sido novo, diferente. Ainda sem grandes ilusões, ou seja também sem grandes desilusões!
A melhor parte tem sido de facto os imensos amigos e familiares que fazem questão de continuar presentes na nossa vida e que se esforçam principalmente para que as miúdas os recordem e lhes sintam a falta e de facto tem resultado.
A mim tem me sabido bem, saber que apesar de um mar imenso a separar-me de toda a minha realidade posso continuar a falar e a sentir muitos como se esse mar não existisse.
Iniciava o ano de 2013 com esperança, apesar de tudo á minha volta, eu acreditava que iria tudo correr bem, sendo que o maior receio era a incerteza profissional. Chego a 2014 sem perspectivas profissionais sequer, mas com a mesma esperança, com a mesma chama no coração a falar baixinho e a dizer que vai tudo correr bem.