sexta-feira, 21 de abril de 2017

O Crisma

Foi durante a preparação da Matilde para a Primeira Comunhão que soube que por aqui o Crisma se faz aos 12 anos, no fim do Ensino Primário.
Dado existirem Escolas Públicas Católicas as crianças assumem o seu compromisso no final desse ciclo.

Como é óbvio, portuguesa, católica e catequista isso fez-me imensa confusão. E a primeira reacção foi que ela faria o Crisma um dia mais tarde em Portugal!
Mas com o tempo a ideia foi ganhando forma.
Ela estava cada vez mais próxima do seu grupo de amigas e havia de facto uma caminhada juntas.

Em 2015 a Marta ligou-me para me convidar a testemunhar o seu Crisma. Também ela na altura com 12 anos, também em Itália se faz o Crisma com 12 anos! Afinal, não era só aqui!
E eu fui, e testemunhei que um Crisma aos 12 anos é de facto muito diferente de aos 16, 18 ou 20, claro!
Mas essa diferença fez-me perceber que não era necessariamente negativo!

Lembro-me em imensos Crismas, jovens de 16 anos (e por vezes mais velhos) ficarem desiludidos por não se sentirem diferentes depois do sacramento. Por não terem sentido "uma chama", por não terem visto "fogo de artificio".

Aos 12 anos nenhuma criança espera nada disso. Encaram receber o Crisma com uma enorme naturalidade e os compromissos que estabelecem são verdadeiros e realistas.


Não fico com a certeza que é melhor fazer aos 12 do que mais tarde, até porque sabendo que é um sacramento de opção própria, em que quem o recebe assume seguir Cristo para a Vida o melhor é ser uma escolha adulta.

Mas faz parte desta nova vida., descobrir e aceitar, que tanta coisa que eu sempre dei como certa, é agora diferente. E a verdadeira forma de nos integrarmos numa nova cultura é aceitar o que de diferente ela nos dá, sem julgamentos ou preconceitos.

Ter uma filha Crismada com 12 anos é sem dúvida uma prova disso.


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