Um dia alguém se referiu a mim, como sendo uma pessoa com um grande sentido de justiça.
Penso nesta referência muitas vezes, e penso mais vezes ainda, quando algo me inquieta, quando no peito sinto como que um bicho a fervilhar, como que uma falta de ar, mas diferente, daquelas em que quero gritar contra o vento...
A verdade é que este sentimento de peito insuflado já me é característico.
Mas sim a verdade é que eu não sou uma "thinker, i'm a doer". Ou seja, incomoda-me e revolta-me as coisas sem solução. Para mim todos os problemas existem para serem solucionados, e depois de solucionados, ou somente de se decidir o que há a fazer, fica feito, por assim dizer.
Mas este meu desejo de realidade não se interliga na maioria das realidades.
A maioria dos problemas de hoje não são assim.
São como que pequenos focos de incêndio para apagar, mas que se deixa sempre como que a queimar, num fogo brando, supostamente controlado!!!
Ora, mas todos sabemos que o fogo não se controla!!!
E daí, resulta a minha zanga, como é que é possível não querermos apagar todo o fogo?
É este o meu terror, deixar fogos a arder devagar, sem saber se vão reacender em chamas ardentes, ou se vão simplesmente morrer!
Não fui feita para viver neste tipo de corda bamba.
Não sei viver com esta falta de ar.
E por isso, parece que vivo zangada, irritada, sem paciência, porque quando o meu peito enche eu tenho que expulsar este não ar...este meio fôlego que me tira as forças, que me faz ser quem eu não sou.
Incomoda-me os prolongamentos.
Gosto de saber onde está o fim.
Gosto de soluções. Não me incomodam os problemas, incomodam-me os problemas insolucionáveis.
Incomodam-me ainda mais as pessoas que ao contrário de mim, vivem bem sem tomar decisões.
E por isso me irrita tanto, que se fale em sorte, que se jogue à sorte, aquilo que são decisões de cada um de nós.
Mas ainda, o que mais me incomoda, é que nós sejamos reflexo dos nossos, é este reflexo que eu agora vejo... e sim isso faz-me gritar e gritar muito, porque não quero este reflexo, eu não o vejo como meu... e culpo-o por existir...
O que me vale então?
O que agora me vale, é a minha fé.
É a minha certeza que no fim não serei confundida neste reflexo.
Que os que me amam sabem quem eu sou de verdade e esperam. Esperam, para quando eu deixar de soprar os moinhos de vento...
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